Por Jose Joacir dos Santos
Cheguei na capital daquele país estrangeiro e fiquei encantado com aquela enorme avenida coberta de flores em pleno início de inverno, já fazendo um friozinho. Caminhei por longo tempo ao lado daquele canteiro como se estivesse em estado de graça. Um carro buzinou perto de onde eu estava e meu espírito voltou para a realidade da rua. Sim, cadê o cheiro dessas flores? Cheguei o mais próximo do canteiro e não senti nada. Será que perdi o olfato? Voltei para a calçada, caminhei mais e entrei no primeiro bar que vendia café. Logo na entrada, senti o cheiro do lugar e um peso saiu do meu pensamento. Não era eu quem tinha perdido o perfume…
Por uma razão qualquer, o dono do bar veio entregar o café e o pedaço de torta de pistacho que havia pedido. Aproveitei o jeito sorridente daquele senhor de cabelos brancos e perguntei, no idioma dele, por que aquelas lindas flores do canteiro das ruas não exalavam perfume. Ele deu um sorriso maroto e respondeu: o governo gasta um dinheirão comprando adubos para manter esses jardins. Deve ser por isso…
Sim, ele estava certo e eu já sabia a resposta. Pelo mundo agora, a produção em massa de flores e plantas ornamentais é sustentada pela modificação genética e pelo uso de adubos químicos, nem sempre amigáveis para humanos, animais e insetos. As abelhas mais evoluídas conhecem o cheiro de adubo e desaparecem. Em cidades dos EUA eles modificam até plantas de verão para brotarem no inverno e vice-versa. A Holanda já produz milhares de tulipas sem cheiro, só com a aparência. Acontece o mesmo com frutas de alguns supermercados: são grandes, bonitas, sem caroço ou semente, sem cheiro nem sabor. Nos EUA, abacates importados do México estão quase perdendo o caroço. Algumas já têm o caroço bem diminuído e a casca bem grossa. O tradicional cheiro de abacate quase não existe mais, como também acontece com as bananas importadas do Equador, sem cheiro e sem sabor. A China também produz manga adulterada em laboratórios e o Japão vende aquelas coisas parecidas com manga que a pessoa come com a colher achando que está comendo manga.
Eles ainda não compreenderam que o perfume das rosas vem da ligação da essência pura da terra, sem adubos, com a energia dourada do Sol. Na medida em que a planta é adulterada para produzir mais e atingir os objetivos comerciais, é também negado o direito à luz solar pura, direta. São forçadas a produzir e grandes galpões fechados e com luz artificial. Assim, o espírito da rosa, seu perfume, desaparece. A fruta perde o cheiro, o sabor e os nutrientes mágicos da doçura do Sol.
Caminho contrário a esse “desenvolvimento”, por décadas seguidas a Europa conhece o verdadeiro perfume das flores, vindo da Bulgária, a Rosa Damascena. Cultivada ao redor de pequenos vilarejos em solo original, não alterado, sem adubo, de acordo com o ciclo natural das estações, a Rosa Damascena produz de óleo a perfumes, geleias, licores e água perfumada. É conhecida por suas propriedades medicinais: Relaxa, é anti-inflamatória e descongestiona. Ajuda a manter a juventude das células, hidrata, proporciona luminosidade e firmeza na pele. “As suas propriedades antissépticas, antibacterianas e cicatrizantes tornam-no muito eficaz contra acne rosácea, queimaduras, aftas ou feridas”. Nada se perde na produção daquela rosa. Um dos seus produtos indiretos, isto é, feito depois de que o óleo já foi extraído, é a água utilizada na culinária.
Famílias inteiras trabalham nas plantações da Rosa Damascena manualmente e não querem nem ouvir falar de produção industrial, adubos e estufas. Elas sabem que o maior ingrediente que a rosa necessita é a ligação entre a terra e o céu, que cada planta conserva em seu DNA. Essa teoria é válida para outros aspectos da vida, por exemplo a iniciação em Reiki. O (a) mestre (a) experiente reconhece a pessoa que passou por uma falsa iniciação de Reiki porque quando a energia da pessoa se aproxima é a mesma coisa que a rosa sem perfume daquela avenida que me referi.
Sem a linhagem correta, a pessoa não reproduz a essência do Reiki, que requer a mesma ligação entre a terra e o céu para reproduzir a iniciação. Ela pode fazer o ritual completo, copiado, mas a energia da pessoa que se submeteu a outra sem mestrado e iniciações corretas será a energia pessoal dela, nada mais. Aquele truque de esfregar as mãos para mostrar que esquenta já é conhecido: é física. A mão quente de Reiki é outra coisa. Não requer o esfregar das mãos. É um calor espontâneo, igual àquele que do perfume das rosas.
04/01/2025